Existem jogos que são exatamente aquilo que esperamos. Depois existem outros que não sabemos muito bem o que podemos esperar. Foi exatamente isso que me aconteceu quando deitei as mãos a Death Stranding. Uma coisa sabia. Tinha de ser algo fora do vulgar. Afinal de contas este título parte da cabecinha de Hideo Kojima que depois de ter saído da Konami anunciou ao mundo em 2016 que estava de volta. Algo saído da sua cabeça tinha de ser algo diferente. Não são aquelas histórias em que antes de vermos um filme já sabemos como tudo se irá passar. Aqui não sabemos nada e quando achamos que já dominamos tudo Kojima encarrega-se de adicionar à história uma mão cheia de novos elementos.

Review Death Stranding: a vida difícil do super-carteiro Sam

Quando se escreve na Leak e temos de lançar tantas notícias diariamente não é fácil dedicarmos tanto tempo a um jogo. No entanto quando nos cai nas mãos um título como Death Stranding não temos outra hipótese. Assim torna-se obrigatório andar a dormir um bocadinho pelos cantos para que nada falhe.

Death Stranding é assim. Faz-nos destas coisas. Para já tem um aperitivo para os fãs de Walking Dead e do grande Norman Reedus. É que ele assume um papelão neste jogo. Dá-lhe a componente humana que falta em muitos títulos com as suas saídas tão características quando algo não corre bem e pormenores tão inesperados como caretas ao espelho e selfies. Sim acreditem que é verdade.

Uma tarefa nada fácil…

Ora Reedus assume o papel de protagonista vestindo a pele de Sam Porter Bridges que não terá uma tarefa nada fácil. É caso para dizer pernas para que vos quero. E acreditem que vão mesmo precisar delas. No entanto vão precisar também de ter muita cabecinha.

Na prática Deadh Stranding coloca-nos num universo onde percebemos logo que há algo de muito errado. O que realmente é pena porque parece o paraíso. No entanto se não tivessemos algo de errado não tínhamos este belo jogo.

Tudo começa quando o nosso Sam Porter Bridges está a passar com a sua mota por uma zona que não é propriamente o cenário mais bonito ao contrário de muitos outros espalhados pelo jogo. O objetivo é fazer uma encomenda para um destinatário desconhecido. Até aqui nada de extraordinário. O problema começa na realidade quando chega a chuva e temos pássaros a cair do céu e as caixas de metal que transportamos a oxidar. Isto tem um papel enorme ao longo do nosso jogo.

Death Stranding: o fim da barreira entre o mundo dos vivos e dos mortos

É esta a vida de Bridges e de outros humanos que vivem nesta nova América. Na prática e como o título dá a entender deixou de haver uma barreira entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos. Dito isto, é absolutamente necessário arranjar-se uma forma de sobreviver.

No entanto os mortos não são o único elemento estranho. Olhando para a chuva que dá cabo do metal é lógico que precisamos também de fatos especiais quando andamos no exterior. Até aqui tudo certo. Mas e se eu vos disser que as pessoas que morrem não se podem começar a decompor porque senão explodem como uma bomba atómica? Pois é, torna-se tudo muito mais estranho. É aliás isto que os novos Estados Unidos querem evitar a todo o custo e para isso têm as incineradoras. Tudo para se voltar à normalidade.

É no meio de tudo isto que Sam, o nosso herói, é apanhado. O nosso trabalho passa por entregar encomendas neste mundo virado do avesso.

Ele tem algumas características muito fortes que percebemos logo desde o inicio. Para já gosta de estar sozinho. Afinal com tantas horas passadas a caminhar sem ninguém, isto não é nada estranho. A outra é algo chamado Afefobia. A palavra vem de afetos e diz respeito ao medo de ser tocado por outra pessoa. É por isso que esta profissão de caminhar sozinho para entregar pacotes e não só assenta tão bem à nossa personagem.

Este jogo também é feito de interações e acreditem muitas mesmo. Assim preparem-se para pousar muitas vezes o comando enquanto assistem a cenas dignas de um filme. Uma das primeiras interações que Sam tem no jogo é com uma personagem chamada Fragile. Ela trabalha para um serviço de entregas concorrente e partilha algo especial com Sam. Falo de algo conhecido por DOOMS. Olhem para isto como uma espécie de poder. Quantos mais DOOMS tiver uma pessoa mais habilidades diferentes terá. O Sam, por exemplo, consegue detetar quando é que as almas do outro mundo estão perto. Já Fragile tem a capacidade de se teletransportar pelo tempo e espaço.

Apesar de Sam parecer ter um poder mais fraco (que não é) ele tem muita reputação.

Isto deve-se essencialmente ao trabalho que faz para a sua empresa Bridges. De facto, vão perceber rapidamente que quase toda a gente conhece o nosso herói.

Quando o nosso Sam termina a sua entrega inicial ele recebe uma chamada do centro de comando. Foi-lhe atribuída a tarefa de transportar um cadáver para a incineração. Daqueles que fazem boom lembram-se? É nesta altura que começamos a perceber o fio à meada, se é que isto é possível em Death Stranding.

Quando vai fazer esta entrega as coisas correm mal e ele acorda no que parece ser um hospital junto a uma personagem chamada Deadmen. Se conhecem o aspeto do realizador Guillermo Del Toro ficam já com uma ideia da personagem. Ele explica-nos onde estamos e dá-nos a tarefa de entregarmos medicamentos ao presidente dos Estados Unidos que está a morrer. Não vai ser uma tarefa muito fácil, mas…

Resumidamente a história do jogo centra-se na reconstrução das infra-estruturas dos Estados Unidos através de um sistema de nós de informação que constituem a rede Quiral.

Esta rede é muito especial por vários motivos. Logo à partida permite às pessoas comunicarem umas com as outras. Depois possibilita também a transmissão de dados em enormes quantidades. Tudo aquilo que seja necessário para reconstruir a sociedade.

Agora que a história já está mais ou menos percebida a outra grande questão que andava a deixar muitos jogadores curiosos era a jogabilidade propriamente dita. Com tanta história pelo meio e conforme referi verdadeiras cenas de filmes, o que é que temos de fazer ao certo e como o fazemos?

Acho que a melhor forma que encontro de vos explicar isto é dizer que o Death Stranding é um jogo de conquistas. Passo-a-passo. A maioria do jogo consiste em levar pacotes de um lado para o outro. Um nome alternativo para este título poderia ser o carteiro Sam mas claro que não teria tanto impacto como Death Stranding não é?

Um carteiro muito corajoso e que mais parece um atleta de maratona

O nosso carteiro transporta os mais diversos tipos de objetos e são estes transportes que valem recompensas que se podem traduzir em equipamentos, upgrades, entre outros. Claro que quanto melhor o estado da mercadoria, mais “pontos” ganhamos. Dito isto, temos de ter cuidado com a chuva e também com as quedas. Sim, as quedas são uma verdadeira chatice. É que elas são mais comuns do que aquilo que podem pensar.

Achavam que era só andarmos de um lado para o outro com encomendas nas costas, nas mãos e nas pernas sempre a correr? Errado.

Temos de equilibrar o nosso estafeta enquanto corremos. Podemos inclinar a carga para a esquerda e inclinar para a direita. Também podemos usar uma combinação para que ele se equilibre de uma forma mais automática. Acreditem que isto não é propriamente uma tarefa fácil. Para além disso tenham sempre em conta o estado da vossa energia, especialmente quando vão atravessar um rio. Se for pouca, arriscam-se a estar sempre a cair. Sim aconteceu num dia em que as horas devidas à cama já eram muitas e só queria atravessar o rio para chegar a uma estação, gravar o jogo e ir descansar.

No entanto, também temos muito mais em Death Stranding para além das entregas.

Podemos combater entidades sobrenaturais bem como outros inimigos que querem deitar a mão à nossa carga. De facto, quando começa a chover estas entidades parecem aparecer de todos os lados. É nesta altura que este título assume contornos de um jogo de terror.

Em Death Strading transportamos connosco um bebé numa cápsula que tem a capacidade de nos ajudar a detetar os seres sobrenaturais. Ora quando eles aparecem, para além de um mecanismo a que o bebé está ligado dar sinal, ele começa também a chorar com um som incessante que sai do nosso comando Dual Shock, menos quando usamos auscultadores. Rapidamente criamos uma empatia com este bebé e quando estes seres sobrenaturais aparecem e ele começa a chorar, só temos vontade de nos resguardar rapidamente e acalmá-lo.

Existem algumas formas de fugir desses seres perigosos…

Se estivermos quietos podemos passar por eles. De facto até podemos suster a respiração para conseguirmos passar despercebidos. No entanto, se não fizermos nada disto, eles vão apanhar-nos e aí há uma sucessão de eventos e somos arrastados para um mundo que na prática é o mesmo mas com muitos elementos estranhos à mistura e bosses de que temos de fugir ou confrontar.

Outro aspeto interessante de Death Strading são os Gostos!

Assim, não é de estranhar que façam lembrar o que acontece nas redes sociais. Pessoalmente e como gosto de agradecer, farto-me de dar likes em Death Stranding. Mas normalmente o que damos tem retorno. Assim, ao darmos gostos acabamos por ter direito a algumas prendas que melhoram o equilibrio e até aumentam a capacidade de carga. Para além disso, os gostos também têm um papel importante na componente multi-jogador do jogo. A ideia passa por deixar avisos, objetos e até marcadores a outros jogadores que sem dúvida os irão ajudar.

Antes de jogar Death Stranding tinha muito a ideia que este seria um jogo de muita interação com outras pessoas. No entanto, não é bem isto que acontece. Trocamos e dados coisas através de uma espécie de caixas de correio mas não temos muito mais para além disso.

Ao nível dos gráficos não há qualquer dúvida que é um jogo assombroso.

Tudo está extremamente bem feito. As montanhas rochosas, as planícies, a água, as diferentes estações que vamos encontrando, os combates. Não há de facto nada negativo a apontar. Ao nível da jogabilidade também me parece muito interessante. No entanto, tive vários sentimentos mistos ao jogar este título.

Houve alturas em que pensei, grande seca sempre a andar de um lado para o outro a levar caixas. Mas houve outras e aconteceu-me sobretudo nos últimos dias onde dei por mim envolto no universo de Death Stranding. Aliás criei empatia com o bebé e muitas das personagens. De tal modo que até gostava de saber um pouco mais acerca da histórias delas, algo que não vai acontecer.

Resumidamente, é um jogo com momentos mais chatos mas que depois tem outros que nos fazem ficar ligados a este mundo. De facto, senti-me muitas vezes como se lá estivesse e é aqui que está a magia de Kojima.

Death Stranding é um jogo difícil de perceber mas é mesmo isso que lhe dá toda a beleza.

Se não fosse todo este misticismo associado ao jogo, seria apenas um título de entrega de caixas. O tal carteiro Sam de que falava. No entanto, com a densidade da história, a beleza dos cenários e todos os componentes que nos fazem viver este título, torna-se num jogo obrigatório para quem gosta do género. Para eles e para quem não se importa de estar muitas e muitas horas agarrado à PS4.

Aviso já que acabar este jogo não vai ser uma tarefa mesmo fácil…

Entretanto poderia haver alguns aspetos mais interessantes. Como referi esperava uma verdadeira interação entre jogadores através da componente online. Ainda assim e somando tudo, as partes em movimento e a história compensam as alturas mais chatas em que apenas fazemos entregas. Olhando para tudo isto e sobretudo ao elenco de peso, desde o realizador às personagens, só há uma conclusão: – Death Stranding não é um jogo, é uma emocionante história para vivermos!

Classificação: 9/10

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