Entra semana, sai semana e os jornalistas de tecnologia seguem noticiando os diversos tipos de golpe via internet. A mais nova falcatrua da praça, no entanto, merece um texto especial: eu estou falando do golpe do streaming, em que são prometidas contas grátis no Globoplay, Netflix e outras plataformas de vídeo. Para isso, bastaria participar de um suposto sorteio divulgado via Instagram, Facebook ou Twitter.

Cuidado, pois é a maior roubada. Os malandros criam promoções falsas nas redes sociais com o objetivo de coletar informações das vítimas. Desta forma, podem abastecer obscuras bases de dados que circulam no esgoto digital e que possibilitam aplicar golpes ainda mais sofisticados.

Diante disso, trago três esclarecimentos.

  1. Primeiro de tudo, é preciso dizer que os sorteios (online ou fora da rede) dependem de autorização especial. Não é qualquer um que pode fazer este tipo de promoção, pois é necessário seguir uma série de condições. Imagine então mais perfis de terceiros, e não aqueles oficiais das plataformas de streaming.
  2. Segundo: uma fonte contou à coluna que as tais promoções de fachada também servem para o propósito de engordar de seguidores alguns perfis que mais tarde serão vendidos. O malandro ganha dinheiro com isso. O seguidor – não você, que sabiamente está lendo este texto – fica de mãos abanando.
  3. Para completar, o terceiro fato sobre o caso: os vencedores dos sorteios até ganham acesso às plataformas de vídeo, mas dentro daquele período de degustação que todas elas oferecem. Em outras palavras, perdem o acesso ao conteúdo depois de no máximo um mês – este é o tempo de demonstração do Globoplay + canais ao vivo e no Telecine, por exemplo. A Netflix recentemente aboliu a mecânica de degustação grátis.

O golpe do streaming tem como pilar a falta de informação. Os usuários são atraídos por um prêmio falso que um perfil não oficial não é capaz de fornecer. Seria muito mais esperto simplesmente acessar as plataformas, habilitar o acesso grátis durante o período ali oferecido e, se for o caso, depois seguir com a assinatura habitual.

Lembre sempre que não existe almoço grátis. Na melhor das hipóteses, a vítima perde o acesso aos filmes, séries, novelas etc. depois de um mês. Na pior delas, terá seus dados compartilhados com bandidos que aplicam o truque do WhatsApp falso pedindo dinheiro aos amigos e parentes.

A alfabetização digital vem com o tempo, mas requer empenho. Se você não fornece preciosas informações como nome completo, CPF e data de nascimento para qualquer um que te pede na rua, não faz sentido adotar este comportamento na web – onde a ameaça pode vir de qualquer canto do Brasil ou do mundo.

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia, setor que cobre há dez anos. É editor do TechTudo e comentarista da CBN e da GloboNews. Entre em contato pelo email [email protected].

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