Um estudo feito por Andrew Reece e Christopher Dandforth — e divulgado pelo jornal EPJ Data Science — mostra que aspectos relacionados à saúde mental de quem usa o Instagram podem ser observados a partir de tendências e padrões involuntários observados em posts na rede social. Isto é, fatores como tons de cor, filtros, saturação e brilho da imagem podem dar indícios de depressão.

Para a pesquisa, Reece e Dandforth usaram um algoritmo aplicado à inteligência artificial para analisar o conteúdo de 43.950 mil posts de 166 voluntários e usuários da rede social, a fim de identificar e prever sintomas de depressão. Esse volume de posts foi avaliado em busca dos elementos que caracterizam o estado mental dos usuários do aplicativo.

Pesquisa analisou milhares de postagens para descobrir padrões de comportamento no Instagram e que podem revelar depressão (Foto: Carolina Ochsendorf/TechTudo)

Essa análise reforça um outro estudo — feito na Universidade de Cornell e divulgado em 2016 — no qual pesquisadores criaram um algoritmo capaz de prever a doença ao analisar as imagens de usuários da rede social, com cerca de 70% de certeza. Outro estudo também apontou o Instagram como a pior rede social para a saúde mental de jovens.

Como foi feita a análise?

Os pesquisadores usaram o site Amazon Mechanical Turk para recrutar voluntários. O relatório apresenta uma metodologia para analisar dados

... de fotos do Instagram com o objetivo de captar indícios de depressão.

Alguns critérios considerados são:

  • Propriedades como o nível de saturação e o brilho da imagem;
  • Metadados da rede social, como comentários e likes;
  • Nível de atividade na plataforma como frequência de posts;
  • Presença de pessoas na imagem.

Conclusão

A conclusão da análise indica que:

  • Fotos publicadas por pessoas com depressão tendem a ser mais azuis, mais escuras e com mais tons de cinza;
  • Quanto maior a quantidade de comentários recebidos em um post, maior a probabilidade de terem sido publicados por pessoas com depressão, porém o contrário acontece em relação ao ''likes'';
  • Uma frequência maior de posts na rede social (a famosa falta de vida social) também foi associada à depressão;
  • Pessoas depressivas são mais propensas a publicar fotos (selfies) com rostos e menos propensas a aplicar os filtros do Instagram às imagens publicadas.

Dados da análise (Foto: Reprodução/EPJ Data Science)

Smartphones sabem mais sobre nós do que médicos?

Ao comparar os resultados do estudo com o diagnóstico clínico de cada indivíduo, Reece e Dandforth descobriram que seu modelo de análise superou a taxa média de precisão de diagnósticos feitos por médicos.

A opinião dos pesquisadores é polêmica. "Os médicos não têm visibilidade de nossas vidas do jeito que o nosso próprio celular tem", afirma Chris Danforth, coautor do estudo. "Ele [o smartphone] sabe muito mais sobre nós do que sabemos sobre nós mesmos", completa.

Na visão dos cientistas, o estudo abre caminho para que, no futuro, ferramentas de diagnóstico que analisem os hábitos das pessoas nas redes sociais estejam disponíveis, aumentando a precisão e agilidade no processo de diagnóstico de doenças como a depressão.

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