O futebol ainda é um dos esportes mais resistentes ao uso da tecnologia; pelo menos em campo. Pouca coisa foi testada até hoje como, por exemplo, o chip implantado na bola para identificar se foi ou não gol. Fora isso, nada se vê durante um jogo – aliás, essa talvez ainda seja a fórmula que faz com que tanta gente continue se apaixonando pelo esporte.
Mas nos bastidores a história é outra; é tecnologia que não acaba mais e, sim, todo time grande usa e abusa dela – quanto mais, melhor!
Os principais clubes brasileiros e mundiais apostam na tecnologia em diversos setores dentro do clube. Na área física, o principal é prevenir e evitar lesões, adequar a carga de treinamento individualizada para cada atleta e acelerar ao máximo a recuperação muscular para o próximo desafio.
Aqui no Palmeiras, o primeiro contato do atleta com a tecnologia é logo que ele chega ao clube. Diariamente, antes de iniciar o treinamento, cada um passa por uma análise termográfica para identificar possíveis focos de inflamação através da temperatura muscular.
Se, por exemplo, o fisiologista identificar que a panturrilha esquerda está um grau mais quente que a direita, o sistema automaticamente emite um alerta que é passado para toda a equipe de médicos, fisioterapeutas e inclusive comissão técnica do clube para que todos tomem as medidas necessárias para evitar uma lesão maior.
Se você acompanha futebol, já notou este relevo na parte superior das costas dos atletas. Esses dispositivos são usadas durante as partidas, mas também durante os treinos. E tem muita coisa dentro dessa caixinha: um GPS para acompanhar o atleta em campo e medir seu deslocamento; acelerômetros e giroscópios se encarregam de medir toda carga externa sofrida pelo atleta: acelerações, freadas bruscas, quedas, giros de quadril. Na beira do campo, um profissional acompanha as informações em tempo real e dá um feedback imediato para a comissão técnica da equipe.
Aqui no Palmeiras, a busca por novas tecnologias é tamanha que até teste de DNA eles fazem em todo os atletas do clube – inclusive os jovens da base. O objetivo é entender as valências físicas que cada indivíduo tem maior ou menor facilidade para adequar seus treinamentos.
Toda informação circula em tempo real e chega a todos os setores do clube. A ideia é que cada um possa contribuir e usufruir da informação para dar a melhor resposta ao atleta. Antes de toda essa tecnologia, tudo dependia exclusivamente do feeling do profissional que, claro, nunca poderia captar informações nesse nível para tantos atletas. A tecnologia tornou tudo mais específico e individual para a característica biológica de cada um...
E se você acha que Big Data e futebol não têm nada a ver, olha só o que eles fazem no Centro de Inteligência de Futebol do Corinthians. Para analisar jogadores e mapear possíveis contratações, esta plataforma de vídeos serve como uma espécie de “olheiro” digital – é o fim daquele cara que ficava analisando os jogadores da arquibancada. Nesta ferramenta, o profissional pode observar qualquer jogador ou equipe do mundo; tudo dividido em ações específicas. Claro, eles também usam a plataforma para analisar adversários e identificar possíveis fraquezas antes de um confronto.
Tá vendo aquele cara lá em cima daquela plataforma, filmando todo o treino tático? Esta é mais uma ferramenta hi-tech do clube. Seja em treinos ou jogos, os analistas do clube usam as imagens em tempo real para criar estatísticas e levantar dados da partida marcando toda e qualquer ação do jogo.
A gente vai continuar sem ver muita tecnologia em campo – é do futebol. Mas agora você já sabe como ela é usada para deixar o clube mais informado, mais preparado e até contribui, de certa forma, para colocar a bola na rede algumas vezes.
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