O Google anunciou o encerramento de sua rede social Google+, após informar que os dados de mais de 500 mil usuários podem ter sido expostos a desenvolvedores de apps. O problema ocorreu devido a um erro na API do Google+ People, que já existia há dois anos e foi descoberto em março. As pessoas têm um período de dez meses para salvar e migrar os conteúdos, até que o serviço seja encerrado de vez para os consumidores em agosto de 2019.
A plataforma, entretanto, não será completamente descontinuada. A empresa investirá em clientes corporativos, por acreditar ser mais adequada para esse perfil.
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O Google+ foi lançado em junho de 2011 sob muita expectativa. Inicialmente, só era possível abrir uma conta caso fosse convidado por um amigo. Em somente quatro semanas, a plataforma já contava com 25 milhões de usuários. Em setembro, a empresa liberou o acesso para qualquer pessoa com mais de 18 anos.
Seus recursos incluíam o Círculos, que permitia organizar os contatos em grupos; Comunidades, uma herança do extinto Orkut; e a ferramenta de bate-papo Hangouts. A rede social, disponível em versão online e em apps para Android e iPhone (iOS), permitia ainda a transmissão de vídeos por meio do YouTube, editar e compartilhar fotos e filmes pessoais, determinar o tipo de conteúdo que mais interessa no feed, entre outras funções.
Confira a seguir quais foram os principais erros cometidos pela Gigante de Buscas que colaboraram para o fracasso do serviço.
1. Competição com o Facebook
Especialistas, como o colunista da Forbes Steve Denning, acreditam que a estratégia assumida pelo Google pode ter sido um dos motivos para o fracasso do G+. A plataforma foi anunciada em 2011 como uma espécie de rival do Facebook, rede social que na época já tinha mais de 250 milhões de usuários ativos e satisfeitos com os serviços oferecidos. Os diferenciais não eram o suficiente para fazer com que as pessoas trocassem um pelo outro. “Tentar derrubar o Facebook ao oferecer algo similar ao Facebook é como a Microsoft derrubar o iPod com o Zune. Não tem como”, argumentou Denning.
Funcionários e ex-funcionários anônimos do Google já afirmaram que o Google Plus surgiu por medo da empresa de Mark de Zuckerberg. O arquiteto chefe de redes sociais da época, Vic Gundotra, teria assustado o CEO, Larry Page. “Vic era uma ‘mosquinha’ constante no ouvido de Larry: 'O Facebook vai nos matar. O Facebook vai nos matar'", disse um ex-executivo do Google ao site norte-americano Mashable. O medo tinha fundo no fato de a companhia não ter conseguido, até então, emplacar no universo das mídias sociais, colecionando fracassos como o Orkut, o leitor de RSS Reader, a plataforma de comunicação Wave e a rede social Buzz.
2. Não conquistou os usuários e desenvolvedores terceiros
De acordo com o comunicado emitido por Ben Smith, vice-presidente de engenharia do Google, uma das razões para o descontinuamento do serviço é a baixa adesão por parte de usuários e desenvolvedores terceiros. A interação com os apps também teria sido abaixo do esperado, apesar dos esforços da companhia em aprimorá-los. “Atualmente, a versão do consumidor do Google+ tem baixo uso e engajamento: 90% das sessões dos usuários do Google+ tem menos de cinco segundos”, informou.
Steve Denning acredita que um dos principais motivos para isso está no fato de a companhia não ouvir seus consumidores. Reforçam essa ideia os depoimentos de ex-funcionários da empresa ao site Business Inside. Eles afirmaram que a plataforma teria sido criada pensando em resolver problemas da própria companhia e não para fazer um produto que tornasse mais fácil aos usuários se conectarem uns com os outros.
3. Não funcionava como uma fer
De acordo com o Business Inside, os ex-funcionários da companhia afirmaram que a plataforma não tinha um apelo social fácil e genuíno como o Facebook e o LinkedIn, por exemplo. As pessoas tinham que pensar em quem gostariam de incluir em seus Círculos em vez de simplesmente adicionar os contatos, como em outros serviços do tipo.
Em 2015, a própria empresa assumiu o “erro”, quando mudou o posicionamento e passou a denominar o serviço como uma espécie uma vertente social que transitava por meio de todos os serviços do Google. Além disso, o Google Plus foi transformado em dois produtos distintos: o Google Fotos e o Stream. “O Google+ agora pode se concentrar em fazer o que já está fazendo muito bem: ajudar milhões de usuários ao redor do mundo a se conectarem com o interesse que eles amam. Aspectos do produto que não cumprem esta agenda foram ou serão retirados", disse à época Bradley Horowitz, líder da plataforma e vice-presidente do Google.
4. Design e nomenclatura pouco amigáveis
O Google+ surgiu com o objetivo de tomar o lugar do Facebook, oferecendo funcionalidades bastante semelhantes às do rival. Os novos usuários, já bastante habituados com a rede de Zuckerberg, entravam na plataforma do Google e se perdiam por não encontrar os recursos onde ou como estavam acostumados. Assim, é possível que as pessoas tenham optado por continuar usando o serviço que já conheciam e tinham os seus amigos reunidos: o Facebook.
Para complicar, as ferramentas tinham nomes pouco intuitivos, que dificultavam a sua compreensão. Afinal, o que “Círculos”, “Sparkles” ou “Hangouts” significam? Era preciso estar disposto a explorar mais a fundo ou ler acerca para entender e, no mundo corrido de hoje em dia, nem todos estão.
5. Nem mesmo os funcionários do Google acreditavam no produto
Um ex-funcionário afirmou ao Business Inside que o G+ era um produto controverso dentro da companhia. Primeiramente porque, em 2011, Larry Page, o CEO da empresa, enviou uma nota a todos os funcionário afirmando que o bônus recebido pelos empregados seria influenciado pelo sucesso ou fracasso das ferramentas sociais da empresa. O empresário pedia esforços por parte até mesmo daqueles que não estivessem envolvidos diretamente com a área, testando os produtos, dando feedback e incentivando amigos e familiares a utilizarem.
Quando a ferramenta foi lançada, o Google substituiu o então sistema de videoconferências usado pelo Google Plus, impondo a rede sem consultar os colaboradores. A realidade é que, segundo o site Social Media Revolver, as pessoas não “compravam” a plataforma. Um funcionário afirmou que seria “Uma espécie de Facebook com um pouco de Twitter”, enquanto um executivo via apenas como outra plataforma social, sem nada de excepcional.
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